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Além da balança: o que a Psicanálise tem a nos dizer sobre a Obesidade?

 

A obesidade é uma doença que atinge 6,5 milhões de brasileiros atualmente, de acordo com o Ministério da Saúde. Com o crescimento alarmante dos números, a condição chama a atenção para fatores que vão muito além do físico.

 

Para começo de conversa

A psicanálise questiona a ideia de que todo obeso tem um problema que precisa ser consertado.  No entanto, é necessário observar como construímos a nossa relação com a comida e com o próprio corpo.

Quando crianças, a comida ocupou um papel importante na comunicação não verbal, expressando amor, cuidado, ou até mesmo descuido, em algumas situações. 

Assim, pode-se dizer que as dinâmicas alimentares interferem diretamente na constituição psíquica dos sujeitos. E isso pode resultar em comportamentos alimentares disfuncionais ou distúrbios alimentares, bem como em padrões emocionais complexos relacionados à comida ao longo da vida adulta. 

E não só isso… infelizmente, as dinâmicas também podem influenciar na autoestima, no controle emocional e na relação com o próprio corpo. Tais fatores criam uma interseção íntima entre o psicológico e o nutricional. 

Por exemplo, uma mãe superprotetora pode expressar seu afeto excessivo através da preparação excessiva de alimentos, enquanto conflitos familiares podem se manifestar em disputas sobre o que é servido à mesa. 

Além disso, pode-se dizer que a psicanálise aborda a obesidade como um sintoma que reflete a relação de cada indivíduo com o seu corpo e os motivos que levam ao consumo excessivo de alimentos.

 

A compulsão alimentar

Vale enfatizar que nem toda pessoa obesa sofre de compulsões alimentares. No entanto, em casos em que a relação com a comida se dá de forma desmedida, pode-se observar alguns aspectos:

  • Fonte de consolo emocional: A comida pode tornar-se uma fonte de consolo emocional, trazendo um alívio temporário do estresse, ansiedade ou outros desafios emocionais;
  • Prazer imediato: Pode haver uma sensação de prazer imediato associado à comida, levando o sujeito a buscar alívio por meio do consumo excessivo de alimentos;
  • Forma de auto sabotagem: Em alguns casos, a comida é usada como uma forma de auto sabotagem, refletindo uma autoimagem negativa e padrões de pensamento autodepreciativos;
  • Raízes na história de vida do sujeito: Esses padrões de comportamento podem estar enraizados em experiências passadas, como traumas emocionais, disfunções familiares ou mensagens culturais sobre alimentação e imagem corporal.

 

O psicanalista Christian Dunker afirma que:

“para tratar a obesidade, é imprescindível também fazer com que a ansiedade e a angústia que são transitadas dessa maneira – através da compulsão alimentar –  encontre uma outra forma de distribuição do prazer.” 

Por fim, ao reconhecer a influência das experiências emocionais passadas, das complexas dinâmicas familiares e das normas sociais internalizadas, a psicanálise nos convida a enxergar os padrões alimentares como reflexos de processos psicológicos e observar a obesidade como uma condição que afeta muito além do corpo físico. 

 

 

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ANNE GUEDES – PSICÓLOGA CRP: 06/113668

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