Transtornos alimentares e o risco ao suicídio
O transtorno alimentar é caracterizado por um desequilíbrio significativo na maneira de se alimentar, podendo envolver tanto o excesso quanto a restrição de alimentos.
Além dos danos ao corpo, os transtornos alimentares afetam profundamente a saúde mental e podem aumentar significativamente o risco de suicídio.
De acordo com o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), os transtornos alimentares são fatores de risco para a ideação e o comportamento suicida especialmente entre jovens de 12 a 18 anos e mulheres de 12 a 35 anos.
Isso porque, infelizmente, é comum que indivíduos com transtornos alimentares também sofram de transtornos de ansiedade, depressão e abuso de álcool ou drogas psicoativas.
O que intensifica os transtornos?
Os transtornos alimentares podem ter um impacto profundo na vida de quem convive com eles e estes são alguns fatores que intensificam a gravidade da condição:
Autoimagem distorcida
Por exemplo, um jovem com anorexia nervosa, percebe seu corpo de maneira distorcida, se vendo com gordura acumulada, mesmo estando abaixo do peso saudável.
E, por causa dessa percepção alterada, a angústia vivenciada gera dificuldade de se reconhecer, trazendo sentimentos de inadequação, que, quando potencializados, podem culminar em uma sensação de não pertencimento no mundo em que vive, questionando o valor da própria vida.
Bullying e estigma
A dificuldade de aceitar a si mesmo pode gerar barreiras ao estabelecer relações sociais e, como consequência, resultar em um baixo repertório diante das experiências humanas. Assim, os recursos de enfrentamento para conflitos da vida podem ficar diminuídos, sendo um fator de risco para vivências de bullying.
Trauma e abuso
Traumas não resolvidos e o sentimento de desamparo resultante dessas experiências podem desencadear ou agravar os transtornos alimentares, aumentando o risco de comportamento suicida.
Assim, isso pode ser comprovado com estudos que indicam uma relação entre o desenvolvimento de transtornos alimentares como reação emocional defensiva a situações de abusos sexuais.
Pressão sociocultural
O bombardeamento por imagens de corpos “perfeitos” nas redes sociais e na mídia pode ser um fator de risco para desenvolvimento de transtornos alimentares.
E quando a pressão para atingir um padrão irreal de beleza aumenta a insatisfação com o corpo, há um sério risco de ideação suicida.
Dificuldades de acesso ao tratamento
Por último, a falta de acesso a profissionais qualificados e tratamento especializado dificulta a recuperação de quem sofre de transtornos alimentares.
Assim como não ter uma rede de apoio pode tornar ainda mais desafiadora a recuperação.
Fique atento(a) aos sinais
É importante estar atento aos sinais de alerta para identificar quando alguém está em risco. Alguns comportamentos comuns são:
- Mudanças de humor significativas como irritabilidade, tristeza profunda ou desespero;
- Comentários sobre morte ou se machucar;
- Isolamento social e afastamento de amigos e familiares;
- Mudanças extremas no peso e comportamentos compulsivos, como exercício físico excessivo ou compulsão alimentar.
Se você suspeita que alguém está em risco de suicídio devido a transtornos alimentares, é importante agir. Converse abertamente com a pessoa sobre como ela está se sentindo e demonstre empatia e compreensão.
Além disso, incentive a busca de ajuda profissional. Sugira que a pessoa marque uma consulta com um psicólogo para que tenha um espaço seguro em que possa expressar seus sentimentos ou que procure acolhimento através do Centro de Valorização a Vida (CVV) através do telefone 180 ou do site cvv.org.br Em caso de emergências para situações de suicídio, procure o hospital mais próximo.
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ANNE GUEDES – PSICÓLOGA CRP: 06/113668
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